Aprovada a pesquisa da infecção pelo HTLV-1/2 durante o pré-natal - Geraldo Duarte
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Human T lymphotropic vírus (HTLV), cujo nome em português é “vírus linfotrópico de células T humanas” é um retrovírus da mesma família do vírus da imunodeficiência humana (HIV), mas com caraterísticas fisiopatogênicas completamente distintas. Dos quatro tipos do HTLV, apenas o HTLV-1 possui potenciais agravos à saúde bem definidos. O HTLV-2 raramente é responsabilizado isoladamente por algum tipo de doença, mas está associado com elevada frequência ao HTLV-1.
1,2 Sabe-se que a infecção pelo HTLV resulta do contato com material contaminado pelo vírus, a exemplo do sangue, sêmen, conteúdo vaginal e leite materno. Com estes parâmetros, os principais cenários biológicos e comportamentais para sua transmissão são a transfusão de sangue e derivados, uso comunitário de droga endovenosa, transplante de órgãos, relações sexuais desprotegidas e por transmissão vertical. Portanto, com estes atributos pode-se afirmar que o HTLV é uma infecção sexualmente transmissível,
3 que pode ser transmitido verticalmente, principalmente por meio do leite de puérpera portadora do vírus.
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O HTLV-1 é considerado o agente etiológico do linfoma de células T do adulto (ATL) e de um distúrbio neuroinflamatório crônico-progressivo, expresso como uma mielopatia associada ao HTLV-1/denominada paraparesia espástica tropical (HAM/TSP). Além disto, em menor frequência pode causar uma extensa lista de doenças tais como uveíte, dermatite infecciosa, Síndrome de Sjogren, bronquite, pneumonia, artrite, nefrite e cistite, entre outras.
5,6
Apesar da gravidade das doenças ligadas à infecção pelo HTLV-1/2, os percentuais de sua ocorrência variam de 3 a 5% dos portadores do vírus ao longo da vida, números que inibem as iniciativas de triagem laboratorial universal da infecção. Entretanto, o fato de ser uma infecção sem vacina ou tratamento antiviral específico, vem pressionando as autoridades sanitárias pela triagem do HTLV-1/2 durante o pré-natal, criando condições de evitar o aleitamento natural entre mães portadoras do vírus. Após a comprovação de que o custo-benefício da triagem da infecção pelo HTLV-1/2 no pré-natal era favorável à sua implantação,
7 a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec), recomendou essa estratégia para gestantes no pré-natal do SUS.
O diagnóstico laboratorial do HTLV-1/2 é bifásico, significando que o exame de triagem, se positivo, precisa ser confirmado. Os testes utilizados para a triagem são o ELISA ou a quimioluminescência (sensibilidade elevada) e detectam a presença de anticorpos contra o vírus. Por sua vez, os testes confirmatórios (maior especificidade) conseguem afastar os resultados falsos positivos confirmando a infecção além de definir se a infecção é pelo HTLV-1 ou HTLV-2. A reação em cadeia da polimerase (PCR) é o melhor exame confirmatório, mas a falta de um exame certificado e comercialmente disponível dificulta implantá-lo de forma ampliada no Brasil. Esta variável fez com que o Ministério da Saúde optasse pela confirmação diagnóstica utilizando o
Western-blot.
Confirmando-se o diagnóstico da infecção pelo HTLV-1/2, estará indicada a suspensão do aleitamento natural, demandando adequação de fornecimento do leite artificial e seguimento neonatal especializado da criança exposta, visto que apesar de baixa (menor que 2%) existe risco de transmissão transplacentária do vírus. Lembrar também que a notificação desta doença é compulsória.
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