O que é cancro mole?

Doença de transmissão sexual causada pela bactéria Haemophylus ducreyi que se caracteriza pelo aparecimento de úlceras dolorosas nos genitais e no ânus. As úlceras podem ser únicas ou múltiplas e geralmente tem odor desagradável. De maneira semelhante as outras doenças que se manifestam por úlceras genitais (sífilis, herpes, donovanose, linfogranuloma), o cancro mole representa fator de risco para a aquisição e a transmissão do vírus da imunodeficiência adquirida (HIV) e outras doenças de transmissão sexual.

Como se manifesta?

As manifestações começam aproximadamente sete dias após o contato; surge uma pápula (pequena elevação da pele e tecido subcutâneo) que em poucos dias progride para uma ou mais úlceras dolorosas, de margens irregulares e avermelhadas, com secreção purulenta e odor fétido. Raramente as úlceras podem ocorrer na boca; as localizações preferenciais são o trato genital e o ânus. Com frequência ocorre também o aparecimento de gânglios (nódulos dolorosos) nas regiões inguinais, que podem supurar eliminando material purulento.

Como se faz o diagnóstico?

Na prática clínica utiliza-se a bacterioscopia com coloração pelo método de Gram, que é realizada colocando-se em uma lâmina material colhido das úlceras, corando-se pela técnica adequada e observando-se ao microscópio a presença de pequenos bacilos Gram negativos agrupados ou em cadeia.

O diagnóstico definitivo requer a realização de cultura para o isolamento do Haemophylus ducreyi, mas tal método ainda não se encontra disponível comercialmente. Alguns laboratórios têm desenvolvidos testes de biologia molecular, mas que ainda não foram aprovados para uso comercial.

Importante lembrar que todo paciente portador de úlceras genitais deve ser submetido a testes para HIV, sífilis (pesquisa de Treponema pallidum na úlcera com microscópio de campo escuro e posterior sorologia), herpes genital e hepatites.

E o tratamento?

O tratamento deve ser feito com antibióticos em dose única por via oral (azitromicina), em dose única por via intramuscular (ceftriaxone) ou em doses fracionadas por via oral (ciprofloxacina duas vezes ao dia durante 3 dias ou  eritromicina três vezes ao dia durante 7 dias). O tratamento adequado cura a infecção, elimina os sintomas e impede a transmissão da doença, mas mesmo assim podem ficar cicatrizes. Nos casos avançados, dependendo da extensão das úlceras ou em pacientes portadores do HIV o tratamento pode ser menos eficiente, devendo então ser prolongado.

Os pacientes devem ser examinados novamente 3 a 7 dias após o início do tratamento para observar a evolução do mesmo. É importante referenciar os(s) parceiros(s) sexuais para avaliação.